De board games a RPG de mesa e cartas mágicas: jogos offline voltam aos holofotes, reúnem amigos e viram oportunidade de empreendimento

  • 25/05/2025
(Foto: Reprodução)
No Dia do Orgulho Nerd, celebrado neste domingo (25), o g1 traz histórias de apaixonados por jogos de tabuleiros, RPG de mesa e cartas mágicas, que encontraram no hobby uma oportunidade de fazer novos amigos, empreender e até descobrir um novo talento. Jogos 'offline' reúnem amigos e viram oportunidade de negócio Em meio à era da tecnologia, aquilo que é nostálgico, e quase analógico, traz conforto. No mundo dos games, onde supercomputadores e disputas online tomam conta, os jogos offline vêm conquistando seu espaço e atraindo cada vez mais fãs. Para alguns, deixaram de ser apenas um encontro entre amigos e se tornaram até uma oportunidade de negócio. 📲 Participe do canal do g1 Sorocaba e Jundiaí no WhatsApp No Dia do Orgulho Nerd, celebrado neste domingo (25), o g1 traz histórias de apaixonados por jogos de tabuleiros, RPG de mesa e até cartas, sejam de Pokémon ou Magic, que encontraram nos jogos offline uma maneira de se conectar com novas pessoas, empreender e até descobrir um novo talento. No passado, muitos destes games eram voltados para o público infantil, mas com o passar do tempo, começaram a surgir jogos mais complexos, com regras especificamente desenvolvidas para os adultos. Alguns deles com partidas que podem durar horas, e objetivos que requerem muita estratégia e pensamento crítico. Raul Leal, de 33 anos, Beatriz Tavernaro, de 32, transformaram o amor por jogos de tabuleiro em negócio Luan Lima/Arquivo Pessoal O casal Raul Leal, de 33 anos, e Beatriz Tavernaro, de 32, teve o primeiro contato com os jogos de tabuleiro mais "modernos" durante a pandemia, em 2020. E esse foi o ponto de partida para uma paixão que, posteriormente, se tornaria um empreendimento. "A gente tem lembranças de infância, das reuniões da família jogando War, Banco Imobiliário, Jogo da Vida. Mas, em 2020, a Bia me deu de presente um jogo chamado Carcassone, e foi o meu primeiro contato com estes jogos mais modernos. Foi aí que vimos que existem alguns bem diferentes e interessantes, e aí a coleção começou a crescer", conta Raul. A coleção cresceu e a vontade de apresentar a "nova descoberta" aos amigos também. O casal conta que apresentar os board games para colegas e familiares se tornou uma tradição. "Começamos a levar para todos os lugares, e as pessoas começaram a gostar muito também. Todo mundo que jogava se apaixonava", explica. Locadora de jogos de tabuleiro de Sorocaba (SP) busca ajudar pessoas a experimentarem diferentes estilos Luan Lima/Arquivo Pessoal "Foi então que eu descobri que existe uma comunidade bem grande de pessoas que alugam jogos, já que o preço para comprá-los não é muito acessível, então achamos uma boa ideia tentar investir em algo paralelo ao nosso trabalho, porque nossa coleção estava crescendo", completa. E, a partir disso, surgiu a Sr. Bolseiro, uma locadora de jogos de tabuleiro. Raul e Beatriz montaram um site, onde é possível escolher o jogo para alugar por um período de cinco dias. Todos os títulos do catálogo fazem parte do acervo pessoal do casal. "Às vezes, as pessoas não querem investir muito dinheiro em um jogo que ainda não conhecem, não sabem se gostam. Então, a ideia do aluguel é ajudá-las a descobrir novos board games, diferentes estilos. Falar que não gosta de jogos de tabuleiro pra mim é como dizer que não gosta de música. Talvez você não goste de um estilo, mas de outro estilo você com certeza vai gostar", afirma. Casal de Sorocaba (SP) construiu 'biblioteca' de jogos de tabuleiro em casa Luan Lima/Arquivo Pessoal Uma história escrita por várias mãos Além dos jogos de tabuleiro, outra maneira de reunir e se conectar com os amigos é em uma sessão de RPG de mesa. O termo é uma sigla para Role-Playing Games, um jogo de interpretação, onde os jogadores se tornam personagens e tomam decisões que afetam a história. Para Rodrigo de Almeida e Dimas Sewaybricker, o RPG é um amigo de longa data. Ambos se apaixonaram pelo jogo ainda na infância, e passaram a participar das mais diversas sessões. Atualmente, eles mantém um canal no Youtube onde fazem transmissões de aventuras que jogam com amigos. Nas plataformas digitais, o Fogo na Dungeon já soma mais de 50 mil seguidores. Rodrigo e Dimas criaram, junto dos amigos, um canal no Youtube para transmitir sessões de RPG de mesa, chamado Fogo na Dungeon Gabriel Sant'Ana/Arquivo Pessoal Segundo eles, o mundo do RPG permite explorar a criatividade das maneiras mais inusitadas, e faz com que cada aventura seja única e especial para aqueles que a jogam. "Uma colina tem um nome, uma arma tem um nome, os NPCs — em inglês, non-playable characters (personagens não jogáveis) — são vivos e se relacionam com tudo e com todos. Você pode se inspirar em muitas coisas para criar as aventuras, mas pra tornar aquilo verossímil, é preciso ter bagagem literária, uma boa quantidade de referências e saber organizá-las dentro de uma história", afirma Dimas. Além dos jogadores, toda mesa de RPG tem um mestre, que é o responsável por narrar a aventura, descrever cenários, batalhas, e outras situações que envolvem os personagens. "O narrador é o ‘Deus’ daquele universo. Até como a física funciona depende do aval dele. Mas, apesar disso, o objetivo é entreter as pessoas da mesa e a si mesmo. É como se você estivesse escrevendo uma história, mas com 10 mãos, 12, 14… Então, é algo muito colaborativo", complementa Rodrigo. Veja abaixo como funciona uma mesa de RPG: Saiba como funciona uma mesa de RPG Por ser uma história constantemente mutável, o andamento da aventura depende, ativamente, dos personagens. E, por isso, ter uma boa conexão com os outros players é um ponto importante durante uma sessão de RPG. No Fogo da Dungeon, todos na mesa se conhecem há muito tempo e, segundo Dimas, isso contribui muito para que as histórias sejam ainda mais envolventes. "O RPG é o que conecta todas as pessoas envolvidas no Fogo na Dungeon. A gente tem uma sorte muito grande de ter um grupo que conseguiu resistir ao tempo e continuar jogando junto. Nós passamos muitos perrengues e, se não fosse essa amizade, teríamos desistido. Mas nós construímos isso juntos e nossas histórias conseguem ser envolventes e imersivas justamente por causa dessa conexão", explica Dimas. Prova de que o RPG ajuda na construção de amizades, Luca Ribeiro Malato, desenvolvedor e fã de cultura geek, encontrou nas sessões uma forma não só de se conectar com outras pessoas, mas também de conhecer um pouco mais sobre si mesmo. Luca Ribeiro Malato é desenvolvedor e fã de cultura geek desde criança Gabriel Sant'Ana/Arquivo Pessoal "Muita gente acha que você interpreta outra pessoa, porém, quando você cria esse personagem, você está criando uma faceta de você, e não dá pra fugir disso, mesmo que seja algo muito pequeno. É um pedaço de você, que te permite ‘estudar’ um pouco sobre si mesmo e aprender a lidar com problemas da vida. Isso te deixa com a mente mais aberta, e faz com que você consiga se relacionar melhor com as pessoas", afirma. E foi com a ajuda de seus personagens que Luca pôde encontrar ferramentas para superar conflitos na vida pessoal. Segundo ele, o processo de criação pode ser uma boa maneira de explorar pontos e questões pessoais que, muitas vezes, não são explorados no dia a dia. “Eles se relacionam com conflitos internos que eu tinha na época, seja de autoimagem, ou quando meu avô morreu. E eu sei que eu consegui lidar melhor com essas situações por causa do jogo, dos personagens. O RPG é uma maneira de abordar pautas sociais que a gente precisa. E é um lugar muito legal pra fazer isso porque atualmente, principalmente com os jogos online e as redes sociais, e essa coisa de ‘imediatismo’, que acabam atrapalhando o nosso entendimento de vida social”, explica. Ao longo dos anos, Luca montou uma coleção repleta de itens nerds Gabriel Sant'Ana/Arquivo Pessoal Luca nasceu e cresceu em uma família de "nerds", e pôde desenvolver suas paixões junto dos pais e dos amigos até se tornar um jovem adulto. Hoje, tenta equilibrar a rotina de trabalho com os hobbies, separando tempo para criar novas aventuras de RPG, "mestrar" sessões e combinar jogatinas com amigos. "A coisa mais importante que eu aprendi na infância, por causa dos meus pais gostarem bastante dessa cultura também, é que um adulto não precisa deixar de ser criança para ser um adulto. Você não precisa abrir mão da fantasia", diz. "A fantasia significa não só a ligação com a minha criança interior, mas a minha felicidade. Eu acho que, na verdade, todos nós ainda somos um pouco crianças. Ser ‘adulto’, pra mim, é algo muito inalcançável, e que muita gente corre atrás sem nem saber o que significa. Então, a fantasia é essencial pra que a gente possa se soltar, ver as situações de uma maneira diferente", completa. Baralhos mágicos? Criado por volta do século X na China, o baralho é mundialmente conhecido. Com cartas ilustradas e quatro naipes diferentes, é utilizado para diversos jogos diferentes e até em truques de mágica. No universo nerd, ele ganhou uma nova roupagem, com direito a artes exclusivas e até campeonatos, e é conhecido como Trading Card Game (TCG) - em português, jogo de cartas colecionáveis. Magic é um dos Trading Card Games (TCG) mais populares atualmente Gabriel Sant'Ana/Arquivo Pessoal Em Magic, um dos TCGs mais populares, as cartas são ilustradas com criaturas incríveis e magias. O jogo de estratégia é baseado em turnos e cada jogador conta com seu baralho - ou deck de cards - para derrotar os adversários. As cartas de Pokémon também ganharam fama e reconhecimento nos últimos anos, com campeonatos presenciais e online. O TCG, baseado no desenho clássico dos anos 90, tem cards especiais e raros, que viraram febre nas redes sociais e podem custar milhares de reais. Jogos de cartas do Pokémon é inspirado no desenho clássico dos anos 90 Hennzo Pinheiro/Arquivo Pessoal Para o auxiliar de mecânico Gustavo Restivo Marcari, de 19 anos, a paixão pelo desenho foi o que fez surgir a vontade de experimentar o jogo, que se tornou o passatempo na escola com os amigos. No entanto, durante a pandemia, passou a jogar com o irmão mais novo em casa. "Depois da pandemia eu acabei parando de jogar. Fiquei uns dois anos sem contato com as cartas até que, no final de 2024, voltei a jogar e comprei um baralho novo. Até que um amigo meu me contou que tinha uma loja de card games, onde as pessoas iam pra jogar", explica. "O pessoal me aderiu à comunidade de uma forma muito amigável. E tem crianças, adolescentes, adultos e até idosos. Bastante gente joga. Quanto mais gente, mais divertido fica o jogo, porque a gente vai ensinando, vai passando conhecimento", complementa. Gustavo, de 19 anos, participa de campeonatos de Pokémon em Rio Preto (SP) Hennzo Pinheiro/Arquivo Pessoal Atualmente, Gustavo participa de campeonatos amadores e também passou a jogar TCG online. Mas, segundo ele, nada se compara ao jogo presencial, onde é possível analisar o oponente de forma minuciosa e também fazer amizade com outros jogadores. "É muito mais interessante. Você está olhando cara a cara com seu oponente, vendo como ele joga e como ele olha para as cartas na mão dele. É uma forma mais interativa de se jogar o jogo. A comunidade é muito amigável, então o jogo fica mais divertido, e isso pra mim é o mais especial” explica. Cartas de Pokémon ganharam fama na internet Hennzo Pinheiro/Arquivo Pessoal *Colaborou sob supervisão de Júlia Martins Veja mais notícias da região no g1 Sorocaba e Jundiaí VÍDEOS: assista às reportagens da TV TEM

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2025/05/25/de-board-games-a-rpg-de-mesa-e-cartas-magicas-jogos-offline-voltam-aos-holofotes-reunem-amigos-e-viram-oportunidade-de-empreendimento.ghtml


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